domingo, 15 de abril de 2012

Casa das Máquinas, de Alexandre Guarnieri



Artigo publicado em http://www.desenredos.com.br/bloco_de_notas_158.html


Antes de ir ao que interessa, o texto, é importante parabenizar o poeta pela beleza ‘estética’ deste livro. Sua apresentação é de uma organização que encontrei poucas vezes, num excelente diálogo entre o título do livro, sua estrutura e seus poemas. Saber que o poeta é também o idealizador deste projeto (gráfico), que o integra como uma bela peça, como que já anuncia que o trabalho a seguir é fruto de uma engenharia refinada e pensada nos mais mínimos (também não gosto, mas é necessária a redundância) detalhes. Se o principal fosse menor, a primeira impressão já advogaria para engrandecê-lo. Eu sei, você sabe (e o Mauro Santayana também), vivemos a era da embalagem.

Aproveito o grande preâmbulo (quem perambular – eu sei, eu sei – por aqui, já percebeu que me agradam as digressões), para dar a desculpa de praxe. A produção de um livro com o título deste e a primeira impressão que me causou fizeram que eu ficasse com a habitual preocupação de que lê-lo rapidamente seria o erro rotineiro (eu sei, eu sei) de quem não sabe degustar um trabalho detalhista. Os tempos, porém, estão mais mesquinhos na modernidade e justificam a leviandade com que os críticos se dedicam atualmente para fazer suas conjecturações rápidas. Peço, portanto, desculpas, certo de que relíquias me escaparão.

O sumário já é um quebra-cabeça que solicita atenção – já é a máquina, já é o poema. Fala de uma contagem (?) na primeira parte (mecanophrenya) e obriga o resenhista inculto a ir ao google, tão inculto quanto neste assunto. Pensei em “latim”, na antiguidade dessa engrenagem (a palavra), talvez uma pequena olhada nos radicais, mas... Sigamos em frente. Não é bom que tudo se dê, prontamente. Também uma presença numérica parece apontar para uma montagem... 

A simpática segunda parte (?) tem o belo nome de “alameda da indústria” e o primeiro “poema” aceita a presença dos números para corrigir uma deficiência de uma possível máquina de datilografia – que inclusive se apresenta no último poema da primeira parte, que é também “um”.

A terceira, “Urbi et Orbitron”, tem um poema que salta, por seu nome, aos olhos: “guerra civil” – interessantíssimo título para um poema. O google socorre o meu latim e faz referência à cidade e ao mundo. A quarta, “a anima da máquina [...]”, oferece uma noção dos recursos linguísticos (som, sentido, intelecto) de que dispõe o poeta Alexandre Guarnieri.

É uma excelente carta de visitas, não!!?

Ligada.

***

O livro apresenta uma maturidade raríssima nos tempos atuais, onde poetas nascem e publicam quase que simultaneamente, onde, sabemos, tudo quer ser arte e todos se sentem capazes de arte, sobretudo da poesia, sobretudo, mais uma vez, de uma tal poesia instantânea. Alexandre Guarnieri vai na direção oposta a essa onda e, já na presença de João Cabral de Melo Neto, abrindo os trabalhos, está totalmente de acordo com a construção milimétrica do livro – trabalho de um engenheiro, para ficar na máquina; de um ourives, para juntar a máquina e a poesia. João Cabral, ao contrário do que fazem os marinheiros apaixonados por si mesmos, não está aqui para ajudar a vender o livro. Está aqui para ser justamente homenageado e lembrado como o poeta da máquina-pedra.

Enquanto lia o livro, ia sentindo falta de um outro nome (nosso). Bem, mantendo a coerência, o nome de Ferreira Gullar surge no último “caderno” do livro. Perfeito.

A luta para fugir ao patético levou nossos poetas ao radicalismo concreto e seu hábito do silêncio da palavra levada ao seu aspecto mais vazio, ou seja, destituída de seu vínculo exterior, de seu significado – os estetas me contestarão dizendo que, ao contrário, ela, desprovida assim, atingiria a plenitude de ter qualquer sentido. O texto é melhor do que o fato. Pois bem, durante quase metade do livro, Alexandre Guarnieri nos apresenta sua capacidade de ficar fora dos assuntos patéticos (e é evidente, afinal a “máquina é sem lágrima”), tão queridos aos poetas. Não o vemos amando, sofrendo solidões (talvez, alguma solidão metafísica, aquela que sujeita também a máquina... talvez). Seu exercício é descritivo e, com isso, a busca por enriquecer o objeto observado – e o fato de consegui-lo tantas vezes me impressiona.

Quase o vejo estudando a máquina X (que tal a nave máquina de escrever?) e elaborar as metáforas que podem vincular seu funcionamento e sua falência ao funcionamento e à falência do homem. Quase o vejo apertando o verso para encaixá-lo, impondo (excessivamente) os efeitos sonoros de aliteração, assonância etc. Ocorre que o poeta antipatético não comove e, penso que, talvez, para um público que busca a emoção fácil, a sua poesia não encontre os devidos aplausos. Daí, chegar àquela tolice que certa vez ouvi, é um passo: Alexandre Guarnieri é um poeta para poetas, sobretudo, os poetas doutrinadores da forma – daí, a reclamação que lhe fizeram de não impor ao seu poema rigoroso o rigor do soneto. O poeta antipatético é um disciplinado.

É também um virtuose das imagens e alcança momentos de genialidade (sim, eu sei que essa palavra está um tanto vilipendiada), mas, também arrisca entediar o leitor em longas sequências de metáforas. É um risco, mas creio que o saldo é positivo, com sobras.

Quando o poeta assume um discurso (ou seria um panfleto comunista), abandonando rapidamente o antipatetismo, a poesia decai e recuperar-se novamente nos poemas finais, aonde o tema da falência (e o falecimento) retorna.

A verdade é que é um belo livro, de grandes poemas e bela poesia. Sim, ligou, respondendo a pergunta indireta do interruptor (veja, quantas conexões nessa engrenagem – grata palavra – estão aqui). Queria citar os poemas, entretanto, o problema é que, nesse tipo de literatura, parece, que cada poema tem uma joia – quando, mais raro, não é ele todo a perfeição – e por estarem conectados ficam “juntos, disfarçando um a fraqueza do outro, caso ocorra, rara, falha inexplicável”. E quando o poema (rosqueado) todo não fica – considerem a caducidade do resenhista –, ficam as “letras crespas, sem cosméticos”.

Gosto de pensar esse poema (que é o livro todo, pois o poeta nos orienta a entender o projeto como um todo) se realizando da seguinte forma: a pequena peça (que tal um interruptor?), os outros elementos até a máquina grande (a casa das máquinas), a indústria (ou outra casa das máquinas), e se amplia para a cidade (outra, que vai para as suas zonas). No meio disso, há um animal-máquina que funciona tal o ponteiro de relógio e que se encaminha para a sua extinção. Porém, a sua extinção (do animal-máquina, da máquina, da indústria, enfim, de tudo) não é o termino, pois, evidentemente o leitor já percebeu, uma máquina maior, caótica (tudo o que não organizamos), prossegue funcionando...

Uma análise poema a poema seria interessantíssima! Tentei-a. Mas, o tempo é mesquinho. Porém, ainda achando um pecado (visto a unidade citada), creio que “Cosmogonia sonora da indústria” pode dar ao leitor uma ideia dos recursos do poeta Alexandre Guarnieri. Tomo a liberdade de transcrevê-lo.


cosmogonia sonora da indústria


são trompas de foguete incendiando o expediente,
o som do reator. Reproduzir sua sucessão de
estrondos, dos mais indômitos, o imbróglio por
sobre o qual se arvora sua trilha sonora, exigiria o
colossal esforço sinfônico, uma orquestra montada
com instrumentos de sucatas monumentais,
a tuba da mais absurda largura, um quilômetro
de carrilhão de sinos, o tímpano no tamanho
de um comboio ferroviário; na hierarquia de
tal regência irreal, emprestada da mitologia,
Thor, o deus da solda, o mais sério funcionário de
Hefestos, ferreiro épico do núcleo terrestre e
chefe da metalurgia telúrica; manejam centelhas
nas fornalhas da caldeira do planeta, liberando,
pouco a pouco, o combustível que sustém, prisio-
neiro, um incêndio de milênios; Hermes ou Mercúrio
(patrono da indústria) trabalha bem atrás, último
na tuba; um nos tímpanos, outro nos sinos, e todos
na funilaria  de  uma  poderosa  conjunção de metais;
de  suas fidalguias de sangue e trovões escorrem
folhas de flandres; vê o som do reator tem o peso
ensurdecedor deste enérgico conjunto de martelos.


***

Claro que um livro com o nome de “casa das máquinas” não pretenderia isso (eu sei, eu sei, alguns dirão “justamente o contrário”), mas seria bom ver o poeta Alexandre Guarnieri, com todos os seus recursos, trabalhando dentro da temática patética e mantendo-se antipatético. Eis o desafio.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012



Relato de un náufrago
Gabriel García Márquez
Editorial Sudamericana

Bueno, parece que todos los libros de García Márquez venieron parar en mi mesa. Y, lo mejor, en español. Así que no resta otra cosa a hacer a no ser leerlos.

Este libro es muy simple y todavía no sé si es literatura. Tal vez, cuando nosotros olvidemos (o entendamos – es lo mismo) la cuestión de la realidad y de la fantasía (el relato y el literario), tal vez lo creíamos Literatura. Aún así, es un buen libro y nos deja un mensaje (otra vez) de modestia de nuestros maestros.

No ha algo que yo puede decir sobre este libro. Su mérito servirá más bien a las disciplina de historia, política y filosofía – otras tal vez que no me acorde ahora. Por lo tanto, transcribiré parte del prefacio hecho por García Márquez.

“La historia de esta historia

El 28 de febrero de 1955 se conoció la noticia de que ocho miembros de la tripulación del destructor “Caldas”, de la marina de guerra de Colombia, habían caído al agua y desaparecido a causa de una tormenta en el mar Caribe. La nave viajaba desde Mobile, Estados Unidos, donde había sido sometida a reparaciones, hacia el puerto colombiano de Cartagena, a donde llegó sin retraso dos horas después de la tragedia. La búsqueda de los náufragos se inició de inmediato, con la colaboración de las fuerzas norteamericanas del Canal de Panamá, que hacen oficios de control militar y otras obras de caridad en el sur del Caribe.
(…)
Una semana más tarde, sin embargo, uno de ellos apareció moribundo en una playa desierta del norte de Colombia, después de permanecer diez días sin comer ni beber en una balsa a la deriva. Se llamaba Luis Alejandro Velasco.
(…)
Mi primera sorpresa fue que aquel muchacho de 20 años, macizo, con más cara de trompetista que de héroe de la patria, tenía un instinto excepcional del arte de narrar, una capacidad de síntesis y una memoria asombrosas, y bastante dignidad silvestre como para sonreírse de su propio heroísmo. (…) Era tan minucioso y apasionante, que mi único problema literario sería conseguir que el lector lo creyera.
(…)
Yo no había vuelto a leer este relato desde hace quince años. Me parece bastante digno para ser publicado, pero no acabo de comprender la utilidad de su publicación. Me deprime la idea de que a los editores no les interese tanto el mérito del texto como el nombre con que está firmado, que muy a mi pesar es el mismo de un escritor de moda.”

Bueno, los grifos son míos. García Márquez es el escritor “de moda”. Importa decir que, después de la publicación de este libro, el periodista tuvo que salir de su país y el náufrago volvió a su vida en el olvido. Importa decir que el gobierno ententó hacer la historia fuera obra de la criatividad de escritor.

Para terminar:

“La segunda sorpresa, que fue la mejor, la tuve al cuarto día de trabajo, cuando le pedí a Luis Alejandro Velasco que me descubriera la tormenta que ocasionó el desastre. Consciente de que la declaración valía su peso en oro, me replicó, con una sonrisa: “Es que no había tormenta”.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012



O livro de areia (1975)
Jorge Luís Borges
Obras Completas III, Editora Globo.

Então, é importante colocar as coisas no seu devido lugar, uma vez que as pessoas que um dia, por ventura, leiam meus textos, encontrarão em Borges uma afiliação inegável. Dito isso, já que o adotei como um dos meus maiores (no sentido familiar que os espanhóis dão a essa expressão), é justo agradecer a Mariel Reis por tê-lo me apresentado, ali nos corredores do Centro Cultural Banco do Brasil, e a Diomar Oliveira por ter me emprestado livros inesquecíveis e “indevolvíveis”. Ambos já me perdoaram a incapacidade de compensá-los com algo do mesmo tamanho.

Conheci o “O livro de areia” nos tempos do “Conversando Literaturas”, encontro da época da faculdade, que para mim foi tardia. Nele, encontrei um dos meus motes preferidos (O outro*) que daria em tantos textos, como “O encontro marcado”, e, claro, o primeiro conto de temática amorosa – soube, depois no epílogo, pelo próprio autor, que foi o único, tão avesso ao patético em literatura.

Borges atingiu, creio, a bela capacidade de não fazer textos ruins. Se, por acaso, devido à automática comparação, base de todo refinamento, quando pensamos em sua arte, surgem imediatamente os seus badalados “Ficções” e “Aleph”, não há como não considerar relevantes livros como “Os jardins das veredas que se bifurcam”, o famoso “História universal da infâmia” e este livro de areia – deixo sem as aspas para permitir a ambiguidade.

Não é necessário repetir a ladainha sobre a sua erudição e, apesar disso, da sua modestíssima opinião sobre si mesmo – modéstia tão legítima que aponta “seus maiores” no epílogo – sempre – preciso (e precioso) do livro. Sua erudição transforma, de certa forma, vários contos em um verdadeiro xadrez e o leitor, ainda que enriquecido, fica com a sensação de que perde um pouco as jogadas. 


Vejamos.

***

É assim no encontro dos dois Borges (O outro), um que sonha no sono e o outro que sonha acordado. A ideia do banco que existe em dois tempos é a perfeição da astúcia do artista. Perfeito. 8

Ulrica é um presente, talvez mais fruto do intelecto do que da criatividade (e eis que deixo a você entender o que eu digo), o que faz desse conto excelente – a conquista amorosa se dá no encaixe de senhas que vão produzindo o encantamento; na verdade, é assim em todos os casos –, o que faz desse conto um pouco menos surpreendente que o anterior (e me faz pensar que a intuição é maior que o intelecto). 8

O congresso é a continuação de uma ideia borgeana já conhecida de seus leitores. O congresso do mundo é o próprio mundo. A busca por um arquétipo de cada ser é o próprio ser que está em todos os seres – de modo que apenas um ou então somente todos bastam. Evidente que a presença da biblioteca – e da literatura como possibilidade de armazenamento da “humanidade” – é representação do autor de sua predileção pelos livros a qualquer outra criação humana. 6

There are more things e “A seita dos trinta” são artefatos da astúcia – da intelectualidade do escritor –, porém que não me pareceu tão atraente, sobretudo quando comparado aos dois primeiros. 5

A noite dos dons é uma boa história com um desfecho digno da sabedoria tão propalada quando falamos de Borges. Interessante também o nome da índia: Cautiva. Não é, pelo menos pelo que conhecido, comum a Borges a utilização dos nomes das personagens como sinais. 6

O espelho e a máscara retoma a ideia da busca de um poema perfeito. Acho interessante sinalizar para o fato de que o poema perfeito (digamos, academicamente) é inferior ao poema imperfeito. Com esse conto – como em outros, é óbvio – algo se aprende. 7

Undr trabalha temática próxima ao conto anterior, que seria o poema (que pode ser de uma palavra só) inalcançável. O poema que poderia ser o verdadeiro nome de deus. Interessante enquanto ideia, bem escrito (óbvio), entretanto, me parece que o resultado é menor do que a ideia (provavelmente é assim em tudo). 6

A utopia de um homem que está cansando, embora o título me desagrade, me pareceu interessante, pois esse homem (o próprio Borges?) fala “frases enormes” (axiomas, máximas) e diz em certa parte “Certamente. Restam-nos apenas citações. A língua é um sistema de citações.”. Isso me faz lembrar livros e autores de certa forma idolatrados por escrever de forma proverbial (Nietzsche e os livros religiosos). Esse tipo de preferência me assusta pela capacidade de aproximação do texto com a fantasia e vice-versa. Pensarei mais sobre isso, um dia.

Há ainda a questão do esquecimento. 7

O suborno é interessantíssimo e me fez novamente pensar em um jogo de xadrez. Excelente. 8

Avelindo Arredondo é um conto muito bom. O último parágrafo é um fechamento com chave de ouro (desculpem o clichê). 8

O disco é interessante e me fez pensar que poderia fazer parte do “História universal da infâmia”. Para além da história, há o aspecto interessante da 4ª dimensão. 7

O livro de areia só pelo título já é um espetáculo de poesia. A história não lhe diminui. 8

O epílogo é Borges, sendo um gênio modesto.

***

* Fico sabendo então que sou herdeiro de Stevenson, que não conheço. Nesse tipo de herança, claro, o honesto é que a fortuna vá para os que fizeram antes.

***

Terminada essa leitura e me sentindo tão enriquecido, me dá uma tristeza por ter perdido tempo lendo "O leite derramado"... Mas, enfim...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Leite derramado, Chico Buarque de Holanda



Lá vamos nós de novo.

Bem, quando criei o "Entrenos" queria quer servisse única e exclusivamente para os meus treinos de espanhol e para a crítica de livros e filmes nesse idioma.

Entretanto, porém, contudo, faz-se necessário ampliar sua ambição (já que, em contrapartida, meu espanhol é mínimo): a partir de agora, esse espaço será também o lugar do treino da crítica em geral, seja para a literatura, ou o cinema, seja em português, seja em espanhol.

Comecemos.

***

Leite derramado

Chico Buarque
Companhia das Letras

Bem, eu sei que professores não deviam ter preconceitos, mas, assim como os seres humanos, eles também os têm. Foi justamente esse receio que me manteve longe dos livros de Jô Soares e de Chico Buarque – devem ter outros, mas não recordo. De alguma forma, achei que a luz que trazem de suas outras atividades acabaria interferindo na minha avaliação.

Uma vez fizeram uma piada dizendo que estavam fazendo uma tese de mestrado sobre um bilhete que o compositor de “Construção” deixara a sua empregada. Graças a deus, era só uma piada. Então, não quis entrar nessa corrente fácil. Esperei passar o alvoroço.

O livro recebeu o prêmio Jabuti como livro do ano tanto na avaliação da crítica de editores quanto da opinião pública.

Confuso, pensei. E fiquei triste. Será que a nossa literatura (não vou ficar citando os medalhões mais óbvios) não produziu nada melhor do que Leite Derramado? Se for assim, temos um problema. Evidentemente, todos os prêmios podem ser questionados, mas, quando o questionamento é tão fácil, tão óbvio, parece diagnosticar um defeito na estrutura ética da estrutura – e, do micro para o macro, da literatura para a política nacional.

(Não resisto: esse prêmio foi entregue a Fausto Wolff, em 1997, por À mão esquerda. Este sim, um livro..., digamos, um Livro.)

Não é possível que a literatura, que criou Machado de Assis, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Drummond, tenha, no seu auge dentro de um ano, chegado à “Leite Derramado”. Não é possível que o prêmio máximo da música brasileira, que já, por diversas vezes foi entregue a compositores como Chico Buarque, Caetano Veloso, seja entregue a “senta! , senta! , senta! , senta!”. Não é possível! Mas, pior, é sim... e qualquer esperança de correção parece uma fé na melhora do país. Parece infantil, romântica...

Sim. É possível que eu não tenha visto as qualidades deste livro e que as futuras gerações mostrarão tudo o que a tolice “canônina” não conseguiu vislumbrar. Ainda assim, lá vai:

Esse livro não é nada, não diz nada e, tristemente, faz o óbvio: em quase 200 páginas de letras grandes, utiliza uma artimanha de controlar um truque: eu não tenho nada a dizer, mas te seguro por tantas páginas fazendo (mais uma vez) o óbvio: não acrescentando nada.

Fiquei anotando as frases (e as fases) mais interessantes do livro e percebi que era tolice de crianças: ora bolas, esperamos que qualquer pessoa com um “lastro” seja capaz de, em 200 páginas, dizer-nos algo bom (em frases – não quero magoar nenhuma fazedor de máximas, que, depois dos poemas de metáforas cansadas, é o mecanismo mais fácil dos escritores). Chico faz um texto pra cumprir tabela e qualquer um, que tenha visto filmes mais ou menos sérios, pode ficar triste.

Sim, eu sei. Há o mercado e o nome do maior compositor brasileiro, na minha opinião, filho de Sérgio Buarque de Holanda (eu sei, eu sei – e ele também sabe -, essa benção é também uma maldição), e qualquer coisa ligada a esse nome (e ao de Caetano, Gil e outros raros) será uma credencial suficiente, será o bastante para os recordes e os aplausos – basta ver os apadrinhamentos relâmpagos (e outros, nem tanto) de grandes nomes que se apequenam em seguida.

O texto é de uma simplicidade que, penso, qualquer pessoa com um mínimo de leitura, pode fazê-lo já e, sem o status do nome, vai minguar nas livrarias, aliás, como esse, já devem existir milhões (sem exagero).

Como distração, assim como alguns filmes básicos de moda, é claro que é válido. Digamos, você não tem nada mais pra fazer, seu marido é um homem ocupado, sua esposa teve uma reunião, você não tem tv a cabo, já leu a Veja, o O Globo, a Isto é. Já reviu os desenhos tolos do seu filho de 16 anos, bem, já bateu papo com amigos virtuais, então dá pra ler “Leite derramado”. Agora, entregar a este livro o nosso “pulitzer” (é o nosso pulitzer??)... Bem, aí, é demais. Ou demonstra a miséria em que o país afunda (e acredito que por aí seja justo), ou demonstra que somos bem mais mômicos que sérios e transformamos tudo em carnaval.

Que isso seja o fruto de pessoas que transformaram a miséria do povo numa festa (quiçá a salvação venha pela festa!) e a miséria em comércio (de saúde, de educação), tudo ruim, porém, tudo bem. Agora, imaginar que um dos maiores nomes da ancestralidade* desse país seja partícipe desse acordo é muito desencorajador.

Quando vejo a lista de patrocinadores dos livros e filmes medíocres que, em nome dessa arte, é produzida no país, e vejo os nomes envolvidos, tenho a sensação de que é hora de dizer aos alunos: “Virem-se. Eles não ligam pra vocês.”

Esse livro – retomando a ideia borgiana – é mais que uma astúcia. É uma maldade. Talvez uma covardia. E, pior, desacredita a esperança construída de que algo, ainda que falho, possa nos oferecer uma orientação e aspirar uma mínima redenção (pelo menos no campo da arte).

Máximo Lustosa

PS: Uma avaliação bem interessante e mais estruturada está disponível em

PS: A imagem foi tirada de http://armazemgerallivros.blogspot.com/2009/11/leite-derramado-chico-buarque.html

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"Crônica de uma morte anunciada", Gabriel García Márquez


Bem, então, depois de ler a não história de Juan Carlos Onetti, li o meu terceiro García Márquez.

Antes de mais nada, vamos às desculpas para que os ofendidos não se ofendam.

Sim, a opinião de qualquer crítico vale tanto quanto a opinião de qualquer pessoa. Sim, é verdade, o crítico apaixonado fez profundas imersões e consegue distinguir as variações mínimas do humor dos narradores de um texto (e estou falando do escritor) e o transeunte, não. Pior para o crítico. De tal modo acredito nisso que acho que opinião de crítico (?) deveria sair numa sessão destinada a críticos e afins e que deveríamos dar mais valor à opinião do público que não passou pela confusa paramentalização intelectual.

Sim, eu já sei da riquíssima discussão entre os apreciadores dos ourives das letras e dos contadores de história. Cada um tem, evidentemente, a sua razão e os homens racionais e civilizados, quando perguntados, conseguem diminuir com tal efusão de adjetivos àqueles dos quais não gostam (muito) que parecem, na verdade, adorá-los. O medo do equívoco leva-os a uma variação da infidelidade ou da própria crítica. Vivemos a geração deslumbrada, ou a geração cortês.

Não é, claro, o meu caso. Acho que a literatura é, antes de mais nada, o espaço para a “contação” de história. Se você gosta da parte gráfica da palavra, entregue-se ao desenho, à pintura, à propaganda... sei lá. Depois coloque em telas e exponha-as como se fossem "monalisas". A literatura vive da estória – como ensinou Guimarães Rosa (por favor, eu sei que o autor de “Grande sertão: veredas” foi um dos melhores estilistas da palavra, mas observem que suas histórias estão igualmente em evidência). Quem quer transformar a história num enfeite da palavra confundiu os universos (e tem todo o direito de fazer esta confusão intelectual e conscientemente – rs).

Postos estes postulados, vejamos esse livrinho (em tamanho) do autor de “Cem anos de solidão”, que pode ser devorado em duas horinhas e que, no entanto, é tão simpático e satisfatório.

Como todo bom escritor, esse colombiano faz o favor de não satisfazer o leitor cheio de senso de moral, de justiça. O protagonista morre de forma grosseira, os assassinos são igualmente dignos de pena e a responsável pela tragédia parece que, terminada a estória (quando a história é boa, a gente, não paramentada da intelectualidade, fica sempre com a sensação que na parte 2, encontraremos as personagens tocando seus destinos e fazendo novas estórias) vai viver feliz – ou pelo menos, vai viver. Tal qual o nosso digníssimo Bentinho, do caso clássico de Machado, ficamos sem explicações.

A tragédia central da novela (eu tenho um problema com os gêneros, de repente é um romance) se desdobra de tal forma na vida dos outros que fiquei com a sensação de que García Márquez poderia ter escrito outro derramamento de estórias e personagens, como em “Cem anos...”.

Há naturalmente várias partes interessantes, como quando o bispo “visita” a “cidade”:

“Tinham encostado os doentes nas portas de suas casa para receber a medicina de Deus, e as mulheres saíam correndo dos quintais com perus e leitores e todo o tipo de coisas de comer, e da margem oposta chegavam canoas enfeitadas de flores. Mas depois que o bispo passou sem deixar sua pegada na terra...” 30.

Detalhe: o bispo, mandatário de deus parece odiar aquela cidadezinha pobre e feia. (Irônico, sarcástico...)

Bom encontrar o entrelaçamento de estórias (Borges, lá vou eu de novo, diria que todo escritor escreve sempre um e mesmo livro) através do pai de Bayardo San Román, personagem interessantíssimo, Petrônio San Román, que pôs em fuga o coronel Aureliano Buendía.

Aliás, essa é uma das virtudes de García Márquez: criar personagens interessantíssimas – todas, penso, valeriam uma história.

Belíssima descrição para o primeiro amor: “sua professora de lágrimas”. 86

“Comer sem medida foi sempre o seu único modo de chorar.” 102

Embora eu tenha algumas objeções, pois a creio um tanto patética, simpatizo também com “Daí-me um preconceito e moverei o mundo”.

Bem, se me alongar mais, farei com queessas considerações fiquem mais longas do que o livro. Sim, há muito mais pra se dizer e pensar (o narrador... a honra... o título...) mas... Enfim...

Embora, eu prefira o estilo mais clássico da formatação dos textos (com mais vírgulas, mais parágrafos etc, a la Machado de Assis e não a la Saramago), fechemos com uma página interessantíssima, que fala dos irmãos homicidas:

“Tinham a reputação de gente boa tão bem fundada que ninguém lhes deu importância. “Pensamos que era só papo de bêbado”, declararam vários açougueiros, a mesma coisa que Victória Guzmán e tantas outras pessoas que os viram depois. Um dia eu havia de perguntar aos açougueiros se o ofício de magarefe não revelava uma alma predisposta a matar um ser humano. Protestaram: “Quando a gente sacrifica um animal não se atreve a olhá-lo nos olhos.” Um deles me disse que não podia comer a carne do animal que degolava. Outro me disse que não seria capaz de sacrificar uma vaca que tivesse conhecido antes, e muito menos se houvesse tomado seu leite. Lembrei-lhe eu os irmãos Vicário sacrificavam os mesmos porcos que criavam, tão familiares que os distinguiam por seus nomes. “É verdade”, retrucou um. “Agora repare que não punham nome de gente neles, mas de flores.” 70

Uma rápida e interessante forma de tentar traçar o perfil psicológico.

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Escrever sua obra-prima e continuar vivendo por muitos e muitos anos, deve ser uma tragédia para um escritor.

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O objetivo desse espaço é o treino da escrita em língua espanhola, entretanto, o livro que acabo de ler está, infelizmente, traduzido. Bom para todos, pior para o objetivo. O tradutor é Remy Gorga, filho.

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Como o espaço é meu, vejo-o bastante desarrumado (como a minha casa). Coisa que não me agrada. Mas, tenho a desculpa do tempo e do dinheiro.

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Foto retirada de http://www.literatsi.com/resenha/livro/cronica-de-uma-morte-anunciada/

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Entonces, mi amigo Fabiano Morais me ha regalado “El astillero” y me presenta a Juan Carlos Onetti. Los encuentro pesado.


Pero, antes, algunas explicaciones innecesarias. Borges ya lo sentenció: no hay novedades reales y un lector vale tanto cuanto cualquiera. Todo que se diga sobre todo es lo mismo.

Así que las literaturas (o las artes) han vivido lleno de la misma cosa: ora se quiere la primacía de la narrativa y sus negociaciones con las realidades; ora se quiere el vanidoso ejercicio de letras por las letras.

Según Emir Rodrigues Monegal, vivimos hoy con la literatura el reinado de la segunda y Onetti es un ejemplo de eso. Así que, caminando, caminando, llegamos al parnasianismo (para los brasileños) o al modernismo para los hispánicos – no se olviden que no son sinónimos, por favor.

(Nadie lo olvida que las cosas no son estanques, pero, para que las aprendamos, mejor dejarlas así.)

Que pasa es que me enfada esa literatura que nada pasa. He hecho varias anotaciones para hablar del “El astillero”, pero ahora se me aburre. Por otra parte, me siento en el deber de leer los escritores sobre los cuales me debruzaré, pero siento que la literatura debe de ser placerosa – cosa que no pasó.

Si la literatura de 30-40 fue una arte denuncista, sus derivaciones (“Cien años de soledad” y, tal vez, pero es necesario no olvidar el carácter religioso de Guimarães Rosa, “Grande sertão: veredas”; de los que leí) tenían la conjunción perfecta entre la vanidad (buena) de la letra por letra y de la narración – la historia que nosotros nos queremos acercar.

Bien, en la obra de Juan Carlos Onetti nada pasa, o mejor, lo que pasa es aburrido. Los críticos tendrán allí una delicia de posibilidades que harán la fortuna de muchas becas, por supuesto. Al cuadro blanco, ¿cuánta cosa nosotros no podemos poner?

Por ejemplo, en este: hay una metáfora sobre la narrativa. Es un mundo de mentiras en que a las personajes les cabe vivir, sabedoras de la fantasía. Así que un hombre acepta un trabajo en una fábrica muerta con un buen salario en pero este salario nunca se le será pago. Viven inmersos en un tedio – más una metáfora – y en una farsa, que las aceptan. Sí, ¿usted que me lee comprendió que el lector se vuelve dentro de una historia que acontece? ¿Qué se les va pasando las hojas hasta que se percibe el logra? La historia es la no historia o, por lo menos, es una historia de menos – con poco. Una historia en que el protagonista (Larsen) comprende la farsa y lucha para continuar en ella.

Cuando, por ejemplo, Gálvez va a denunciar el señor Petrus – el dueño de la fábrica – por las trampas para el pagamiento del personal de la empresa y otras obligaciones (el viejo emitía títulos falsos), Larsen se le va a tras para matárselo. Y ¿por qué? Porque Gálvez amenaza al acuerdo de fantasía que, silenciosamente, se ha establecido entre todos.

Entonces, dos cosas interesantes ocurren: primeramente, Larsen no encuentra a Gálvez y, armado, va a visitar en el cárcel al señor Petrus. Larsen le habla: “Por algo estoy aquí… …porque somos hombres y las posibilidades de infamia son comunes y limitadas”.

Pero, nosotros, lectores, ya sabemos que nada pasará en este texto. Nuestra lectura, entonces, es la de la obligación.

Y Larsen pide una garantía de que cuando las cosas estén mejores, él no será olvidado. El viejo, entonces, le escribe una declaración reconociendo sus servicios y le da una garantía de cinco anos – hecha de pronto.

Y así, nuestro amigo, que tanto quiere acreditar para librarse de algo que fuera, y lo repite en otras páginas, acepta el papel de pan firmado y se va. Pero, no sin antes contestar firmemente a la pregunta que le hace el viejo – y el escritor lo hace a nosotros también:

_¿Se siente usted con fuerzas, con la fe necesaria?

La otra cosa que pasa es que el Gálvez, el único que rompió con la farsa, se mata.

Bueno, es evidente que podemos criarnos mil sabrosas imaginaciones, pero, para mi, una basta: afuera del mundo de la fantasía, aunque sea una fantasía menor, la vida es insoportable.

¿Qué les parece?

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Borges se recusó a hacer textos largos, pues no comprendía porque un hombre escribe doscientas páginas cuando su ideia cabe en veinte, treinta.

A pesar de eso, leyó El Quijote, entre tantos.

Pero, existe una ventaja en escribir mucho cuando se tiene el tino – o algún tino. El libro de Onetti tiene varios rasgos buenos. Por ejemplo:

“Como si fuera cierto que todo acto humano nace antes de ser cometido, preexiste a su encuentro con un ejecutor variable.”

“Estaba acostumbrado a buscar apoyo en la farsa.”

“Fue entonces que aceptó sin reparos la convicción de estar muerto. Estuvo con el vientre apoyado en la pileta, terminando de secarse los dedos y la nunca, curioso pero paz, despreocuparse de fechas, adivinando las cosas que haría el final, hasta el día remoto en que su muerte dejara de ser un suceso privado.”

Sí, yo también percibí la voz borgeana.

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Lector, no quiero que te enojes de tanto que cito y nombre a Borges, pero soy tonto y tengo pocas referencias.

Bueno, nuestro Homero sin Odisea ha dicho que la literatura le enseño algunas astucias (por eso, algunos lo creen un gran escritor). Quién asistió a sus entrevistas (disponibles en youtube) sabrá que su modestia no es falsa.

Las astucias que Onetti presenta en “El astillero” no me encantan. Tal vez yo esté demasiado maleducado por el cine americano y no logre alcanzar el valor de sus experimentaciones en el campo de la narrativa… Ojalá.

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Si encuentro ganas, leeré después la apertura de Antonio Muñoz Molina.
Hay también algo en http://cvc.cervantes.es/literatura/escritores/onetti/obra.htm

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Otra aclaración: ese sitio, más que un campo de crítica literaria (ojalá también lo sea), tiene más la pretensión del entreno de la lengua, como el nombre ya apunta.

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Es eso. Ahora me voy a dormir. Buenas.

domingo, 16 de maio de 2010

El secreto de sus ojos


Siempre me he preguntado “¿qué pasa con el cine brasileño que no gana un Oscar?”, “¿Qué ocurre que vive eternamente del dinero público, o, cuando no, su producción es mediocre?” Sí, podríamos quedarnos filosofando sobre la mediocridad, la superioridad… Podemos, con un aire de falsa aristocracia, decir que no nos interesa en nada el galardón estadounidenses, y bueno, mi caro, si piensas así, yo tengo poco a decirte.

Me parece que las películas brasileñas son pobres, sin poesía, sin lirismo y, cuando son buenas, algo pasa y no la valoramos. Por ejemplo, ¿qué pasó con la película “Central do Brasil”? Mis amigos no la encontraron tan grande. ¿Y con “Cidade de Deus”? ¿Y con “Tropa de Elite”? Igualmente, mis amigos no las aprobaron.

¿Que sé yo, entonces? ¡Qué lata! Por lo tanto, olvidemos.

Que pasa es que las películas argentinas me encantan mucho más que las películas brasileñas y ahora termino la segunda mirada en “El secreto de sus ojos” y me quedo pensando: no hay nada ahí, es una película normal, simpática, hasta un poco apelativa, y sin embargo, llevó el oscar. Podría decir que se parece a una película brasileña o estadounidense, y no de las mejores, es verdad. Solo. Bueno, se llevó el oscar extranjero.

Pregunto otro vez: ¿Qué tiene esa película? Y lo respondo: No tiene nada demás. Es un historieta y solo. Un hombre maduro pero que mantiene para su jefe, la mujer que le encantó siempre, una timidez incomprensible. La escena del tren es cualquier cosa de lo común, del clichê en las películas. Todas las historias se van envueltas a esa – tanto que algunos críticos le han tachado de drama, otros de policial. Hay quién la llame algo de comedia... Bueno, yo la llamaria de romance.

Algo que me gusta siempre en las películas argentinas (el poco que lo he visto) es el foco en los ojos, es que los atores (¡bravo!) no se parecen atores, sino locales que fueron aprovechados. La cámara es lenta y cambia todo en poesía. Las historias son pequeñas, pero individualmente importantes. Recuerdo eso en “Historias Mínimas”, tema del primer post del blog ideas a deriva (http://ideiasaderiva.blogspot.com/2005/02/histrias-mnimas-comentrios-sobre-o.html ).
Bueno, eso se fue. Es romanticismo de mi parte. No está en el “Secreto de sus ojos” que se encuadra como una película más norteamericana. Talvez.

Pero, aun así, vale la pena mirarla. Vale la pena mirar la interpretación de Guillermo Francella para su Sandoval y el alcoholismo. En una parte, Sandoval habla con Benjamín (el policía interpretado por Ricardo Darín) y le pregunta, después de leer muchas veces las cartas del asesino de la historia, algo como ¿qué cosa yo no paro de hacerlas? ¿que cosa, aun que lo sepa que me matan, que cosa no puedo evitarlas porque son mis cosas? Y el habla de su alcoholismo. De su pasión. Le gusta ir a los bares y ponerse borracho.

“Una pasión es una pasión.”… “Un tipo puede cambiar la cara, su dirección, pero no puede cambiar su pasión. El tipo no puede cambiar una pasión.” De ahí, descubren el amor del asesino por el fútbol y lo capturan. También es la clave para otro secreto de la película.

La escena en que logran la confesión del asesino también es de una tontería digna de las telenovelas brasileñas. Además, la película parte para diversos campos, como el amor obstinado del viudo (su pasión), como el deservicio del servidor público y de la ley del más fuerte. Algo que calienta los nervios y hace pensar en la justicia que cada uno debe tomar para si.

Pero, todavía, hay más una cosita interesante en la historia, algo sobre la justicia y la ley, sobre el castigo y, bien, esa otra cosa es la gran sorpresa de la película. Esa gran sorpresa (adivinable, es verdad) vale la película y no les cuento para que la puedan descubrir solos.

Ah, sí, también me pareció que la película es demasiada larga y su música algo apelativa.

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Bueno, demoré tanta para hacer esa crónica que me voy a postarla sin una revisión y otra más. Después veremos.

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Ah, sí, otra cosa, no soy un especialista en las películas brasileñas. He visto que hay muchas de que nunca he oído hablar, entonces, mis consideraciones son muy pobretas.

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Además, el título de la película, me parece, se lo sacó de la clave que empeza a solucionar en crimen, la mirada de ojos en la fotocopia.

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Gracias por venir.