quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"Crônica de uma morte anunciada", Gabriel García Márquez


Bem, então, depois de ler a não história de Juan Carlos Onetti, li o meu terceiro García Márquez.

Antes de mais nada, vamos às desculpas para que os ofendidos não se ofendam.

Sim, a opinião de qualquer crítico vale tanto quanto a opinião de qualquer pessoa. Sim, é verdade, o crítico apaixonado fez profundas imersões e consegue distinguir as variações mínimas do humor dos narradores de um texto (e estou falando do escritor) e o transeunte, não. Pior para o crítico. De tal modo acredito nisso que acho que opinião de crítico (?) deveria sair numa sessão destinada a críticos e afins e que deveríamos dar mais valor à opinião do público que não passou pela confusa paramentalização intelectual.

Sim, eu já sei da riquíssima discussão entre os apreciadores dos ourives das letras e dos contadores de história. Cada um tem, evidentemente, a sua razão e os homens racionais e civilizados, quando perguntados, conseguem diminuir com tal efusão de adjetivos àqueles dos quais não gostam (muito) que parecem, na verdade, adorá-los. O medo do equívoco leva-os a uma variação da infidelidade ou da própria crítica. Vivemos a geração deslumbrada, ou a geração cortês.

Não é, claro, o meu caso. Acho que a literatura é, antes de mais nada, o espaço para a “contação” de história. Se você gosta da parte gráfica da palavra, entregue-se ao desenho, à pintura, à propaganda... sei lá. Depois coloque em telas e exponha-as como se fossem "monalisas". A literatura vive da estória – como ensinou Guimarães Rosa (por favor, eu sei que o autor de “Grande sertão: veredas” foi um dos melhores estilistas da palavra, mas observem que suas histórias estão igualmente em evidência). Quem quer transformar a história num enfeite da palavra confundiu os universos (e tem todo o direito de fazer esta confusão intelectual e conscientemente – rs).

Postos estes postulados, vejamos esse livrinho (em tamanho) do autor de “Cem anos de solidão”, que pode ser devorado em duas horinhas e que, no entanto, é tão simpático e satisfatório.

Como todo bom escritor, esse colombiano faz o favor de não satisfazer o leitor cheio de senso de moral, de justiça. O protagonista morre de forma grosseira, os assassinos são igualmente dignos de pena e a responsável pela tragédia parece que, terminada a estória (quando a história é boa, a gente, não paramentada da intelectualidade, fica sempre com a sensação que na parte 2, encontraremos as personagens tocando seus destinos e fazendo novas estórias) vai viver feliz – ou pelo menos, vai viver. Tal qual o nosso digníssimo Bentinho, do caso clássico de Machado, ficamos sem explicações.

A tragédia central da novela (eu tenho um problema com os gêneros, de repente é um romance) se desdobra de tal forma na vida dos outros que fiquei com a sensação de que García Márquez poderia ter escrito outro derramamento de estórias e personagens, como em “Cem anos...”.

Há naturalmente várias partes interessantes, como quando o bispo “visita” a “cidade”:

“Tinham encostado os doentes nas portas de suas casa para receber a medicina de Deus, e as mulheres saíam correndo dos quintais com perus e leitores e todo o tipo de coisas de comer, e da margem oposta chegavam canoas enfeitadas de flores. Mas depois que o bispo passou sem deixar sua pegada na terra...” 30.

Detalhe: o bispo, mandatário de deus parece odiar aquela cidadezinha pobre e feia. (Irônico, sarcástico...)

Bom encontrar o entrelaçamento de estórias (Borges, lá vou eu de novo, diria que todo escritor escreve sempre um e mesmo livro) através do pai de Bayardo San Román, personagem interessantíssimo, Petrônio San Román, que pôs em fuga o coronel Aureliano Buendía.

Aliás, essa é uma das virtudes de García Márquez: criar personagens interessantíssimas – todas, penso, valeriam uma história.

Belíssima descrição para o primeiro amor: “sua professora de lágrimas”. 86

“Comer sem medida foi sempre o seu único modo de chorar.” 102

Embora eu tenha algumas objeções, pois a creio um tanto patética, simpatizo também com “Daí-me um preconceito e moverei o mundo”.

Bem, se me alongar mais, farei com queessas considerações fiquem mais longas do que o livro. Sim, há muito mais pra se dizer e pensar (o narrador... a honra... o título...) mas... Enfim...

Embora, eu prefira o estilo mais clássico da formatação dos textos (com mais vírgulas, mais parágrafos etc, a la Machado de Assis e não a la Saramago), fechemos com uma página interessantíssima, que fala dos irmãos homicidas:

“Tinham a reputação de gente boa tão bem fundada que ninguém lhes deu importância. “Pensamos que era só papo de bêbado”, declararam vários açougueiros, a mesma coisa que Victória Guzmán e tantas outras pessoas que os viram depois. Um dia eu havia de perguntar aos açougueiros se o ofício de magarefe não revelava uma alma predisposta a matar um ser humano. Protestaram: “Quando a gente sacrifica um animal não se atreve a olhá-lo nos olhos.” Um deles me disse que não podia comer a carne do animal que degolava. Outro me disse que não seria capaz de sacrificar uma vaca que tivesse conhecido antes, e muito menos se houvesse tomado seu leite. Lembrei-lhe eu os irmãos Vicário sacrificavam os mesmos porcos que criavam, tão familiares que os distinguiam por seus nomes. “É verdade”, retrucou um. “Agora repare que não punham nome de gente neles, mas de flores.” 70

Uma rápida e interessante forma de tentar traçar o perfil psicológico.

***

Escrever sua obra-prima e continuar vivendo por muitos e muitos anos, deve ser uma tragédia para um escritor.

***

O objetivo desse espaço é o treino da escrita em língua espanhola, entretanto, o livro que acabo de ler está, infelizmente, traduzido. Bom para todos, pior para o objetivo. O tradutor é Remy Gorga, filho.

***

Como o espaço é meu, vejo-o bastante desarrumado (como a minha casa). Coisa que não me agrada. Mas, tenho a desculpa do tempo e do dinheiro.

***

Foto retirada de http://www.literatsi.com/resenha/livro/cronica-de-uma-morte-anunciada/

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Entonces, mi amigo Fabiano Morais me ha regalado “El astillero” y me presenta a Juan Carlos Onetti. Los encuentro pesado.


Pero, antes, algunas explicaciones innecesarias. Borges ya lo sentenció: no hay novedades reales y un lector vale tanto cuanto cualquiera. Todo que se diga sobre todo es lo mismo.

Así que las literaturas (o las artes) han vivido lleno de la misma cosa: ora se quiere la primacía de la narrativa y sus negociaciones con las realidades; ora se quiere el vanidoso ejercicio de letras por las letras.

Según Emir Rodrigues Monegal, vivimos hoy con la literatura el reinado de la segunda y Onetti es un ejemplo de eso. Así que, caminando, caminando, llegamos al parnasianismo (para los brasileños) o al modernismo para los hispánicos – no se olviden que no son sinónimos, por favor.

(Nadie lo olvida que las cosas no son estanques, pero, para que las aprendamos, mejor dejarlas así.)

Que pasa es que me enfada esa literatura que nada pasa. He hecho varias anotaciones para hablar del “El astillero”, pero ahora se me aburre. Por otra parte, me siento en el deber de leer los escritores sobre los cuales me debruzaré, pero siento que la literatura debe de ser placerosa – cosa que no pasó.

Si la literatura de 30-40 fue una arte denuncista, sus derivaciones (“Cien años de soledad” y, tal vez, pero es necesario no olvidar el carácter religioso de Guimarães Rosa, “Grande sertão: veredas”; de los que leí) tenían la conjunción perfecta entre la vanidad (buena) de la letra por letra y de la narración – la historia que nosotros nos queremos acercar.

Bien, en la obra de Juan Carlos Onetti nada pasa, o mejor, lo que pasa es aburrido. Los críticos tendrán allí una delicia de posibilidades que harán la fortuna de muchas becas, por supuesto. Al cuadro blanco, ¿cuánta cosa nosotros no podemos poner?

Por ejemplo, en este: hay una metáfora sobre la narrativa. Es un mundo de mentiras en que a las personajes les cabe vivir, sabedoras de la fantasía. Así que un hombre acepta un trabajo en una fábrica muerta con un buen salario en pero este salario nunca se le será pago. Viven inmersos en un tedio – más una metáfora – y en una farsa, que las aceptan. Sí, ¿usted que me lee comprendió que el lector se vuelve dentro de una historia que acontece? ¿Qué se les va pasando las hojas hasta que se percibe el logra? La historia es la no historia o, por lo menos, es una historia de menos – con poco. Una historia en que el protagonista (Larsen) comprende la farsa y lucha para continuar en ella.

Cuando, por ejemplo, Gálvez va a denunciar el señor Petrus – el dueño de la fábrica – por las trampas para el pagamiento del personal de la empresa y otras obligaciones (el viejo emitía títulos falsos), Larsen se le va a tras para matárselo. Y ¿por qué? Porque Gálvez amenaza al acuerdo de fantasía que, silenciosamente, se ha establecido entre todos.

Entonces, dos cosas interesantes ocurren: primeramente, Larsen no encuentra a Gálvez y, armado, va a visitar en el cárcel al señor Petrus. Larsen le habla: “Por algo estoy aquí… …porque somos hombres y las posibilidades de infamia son comunes y limitadas”.

Pero, nosotros, lectores, ya sabemos que nada pasará en este texto. Nuestra lectura, entonces, es la de la obligación.

Y Larsen pide una garantía de que cuando las cosas estén mejores, él no será olvidado. El viejo, entonces, le escribe una declaración reconociendo sus servicios y le da una garantía de cinco anos – hecha de pronto.

Y así, nuestro amigo, que tanto quiere acreditar para librarse de algo que fuera, y lo repite en otras páginas, acepta el papel de pan firmado y se va. Pero, no sin antes contestar firmemente a la pregunta que le hace el viejo – y el escritor lo hace a nosotros también:

_¿Se siente usted con fuerzas, con la fe necesaria?

La otra cosa que pasa es que el Gálvez, el único que rompió con la farsa, se mata.

Bueno, es evidente que podemos criarnos mil sabrosas imaginaciones, pero, para mi, una basta: afuera del mundo de la fantasía, aunque sea una fantasía menor, la vida es insoportable.

¿Qué les parece?

***

Borges se recusó a hacer textos largos, pues no comprendía porque un hombre escribe doscientas páginas cuando su ideia cabe en veinte, treinta.

A pesar de eso, leyó El Quijote, entre tantos.

Pero, existe una ventaja en escribir mucho cuando se tiene el tino – o algún tino. El libro de Onetti tiene varios rasgos buenos. Por ejemplo:

“Como si fuera cierto que todo acto humano nace antes de ser cometido, preexiste a su encuentro con un ejecutor variable.”

“Estaba acostumbrado a buscar apoyo en la farsa.”

“Fue entonces que aceptó sin reparos la convicción de estar muerto. Estuvo con el vientre apoyado en la pileta, terminando de secarse los dedos y la nunca, curioso pero paz, despreocuparse de fechas, adivinando las cosas que haría el final, hasta el día remoto en que su muerte dejara de ser un suceso privado.”

Sí, yo también percibí la voz borgeana.

***

Lector, no quiero que te enojes de tanto que cito y nombre a Borges, pero soy tonto y tengo pocas referencias.

Bueno, nuestro Homero sin Odisea ha dicho que la literatura le enseño algunas astucias (por eso, algunos lo creen un gran escritor). Quién asistió a sus entrevistas (disponibles en youtube) sabrá que su modestia no es falsa.

Las astucias que Onetti presenta en “El astillero” no me encantan. Tal vez yo esté demasiado maleducado por el cine americano y no logre alcanzar el valor de sus experimentaciones en el campo de la narrativa… Ojalá.

***
Si encuentro ganas, leeré después la apertura de Antonio Muñoz Molina.
Hay también algo en http://cvc.cervantes.es/literatura/escritores/onetti/obra.htm

***

Otra aclaración: ese sitio, más que un campo de crítica literaria (ojalá también lo sea), tiene más la pretensión del entreno de la lengua, como el nombre ya apunta.

***

Es eso. Ahora me voy a dormir. Buenas.